A Calça Comprida

Texto de um dos colaboradores.

Quando eu era pequeno usava bermudinha e shortinho como tantas outras milhares de crianças. Lembro o dia em que todo empolgado minha mãe disse que iria “fazer”, isso mesmo! Fazer uma calça comprida pra mim.

Lembro como se fosse hoje o dia em que a vesti e o primeiro comentário de quem me viu: “Parece um hominho!” Homens com calças compridas ainda eram um referencial de postura séria, forte e de hombridade.

Diante desta greve, a qual está permeada de recados e gritos de descontentamento dos servidores para com a omissa e deficiente administração, vejo uma mais uma vez nesta que, qual ditadura militar, procura a mão forte do autoritarismo cego para silenciar o grito dos seus erros e incompetência, pois mesmo ante a ilegalidade de um ato o transmite como se legítimo o fosse (o corte do ponto), para satisfazer a caprichos em nome de uma seriedade e austeridade promíscua e confusa, do gerenciamento dos recursos humanos. Promíscua porque atende a caprichos, e confusa porque não sabe o que está a gerenciar. Gerenciamento por vaidade, aguçada por uma assessoria descomprometida com a entidade, mas abraçada por um chefe que, até acredito que queira fazer o que é correto, mas não o faz. Que nome dou a isso?

Vejo servidores dando parte de suas vidas e outros se alimentando delas. Covardia é um princípio. A história nos remete às vitórias de soldados, mas com títulos de vitória aos generais. A liberdade adquirida foi vivida pelos filhos, pelas famílias, por pessoas por quem os soldados lutaram e não por desconhecidos, havia identidade. Esta greve não é uma greve de instituição, é de pessoas. Temos um “quem” pelo qual lutar. De pessoas que cansaram de acreditar e esperar, por pessoas que cansaram de ver a apatia e covardia de uma administração que se curva ao silêncio, ou as atitudes nefastas de outros para, também, cortarem a carne dos seus, mas quando é para dar dignidade e reconhecimento, se escondem atrás do argumento de impotência ou inexistência de recursos. Que outros lutem, que outros façam. Fracos sois.

Senhores, servidores covardes e apáticos, e administração do MPU, ou mudam a postura ou mudem de emprego, pois o setor público não precisa de pessoas com este perfil.

Valorização de uma classe, passa pela remuneração e consciência de valor individual de trabalhador público. Identidade, passa por autonomia de procedimento, e não o aguardar de decisões corretas por outros. Esta Casa deveria ser sinônimo de justiça e simbolo de uma administração de ponta, em todos os aspectos, inclusive de RH, mas está se tornando a cada dia uma Casa de vaidades, com servidores servis e não profissionais, e a institucionalização de uma gerencia despreparada, está sendo chamada de eficiente. Como os conceitos mudaram!

Calças compridas ainda se fazem hoje, mas quem é que pode usar?